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Noite das Garrafadas


A Noite das Garrafadas demonstrou a rivalidade política entre portugueses e brasileiros na capital do império.
Depois da independência do Brasil, velhas contendas originárias do nosso passado colonial continuavam a subsistir. As exigências do pacto colonial faziam com que um grupo de comerciantes portugueses lucrasse com o monopólio sobre os produtos manufaturados oferecidos pela metrópole lusitana. Diversas revoltas no Brasil (como a Guerra dos Mascates) eram frutos de uma relação conflituosa onde a população nativa enxergava nessa classe de comerciantes a mais direta representação do domínio colonial.

No governo de Dom Pedro I, essa relação entre portugueses e brasileiros continuava a ser bastante complicada. Para algumas personagens políticas brasileiras, a presença de portugueses na Assembléia e nos quadros ministeriais poderia abrir precedentes para a manutenção dos privilégios desfrutados pelos lusitanos desde o período colonial. O chamado “partido português” apoiava a manutenção de uma estrutura política centrada na figura de Dom Pedro I. Tal postura era sistematicamente combatida por liberais brasileiros, que exigiam maior autonomia dos governos provinciais.

Durante os anos de governo de Dom Pedro I, diversas acusações políticas julgavam o imperador alheio à realidade nacional e comprometido com a influência política dos portugueses. Em 1826, quando o rei Dom João VI morreu, Dom Pedro I se envolveu nas discussões que definiriam o nome a ocupar a vaga do torno português. Tal episódio, em uma época em que a recém criada nação brasileira precisava de toda atenção de suas autoridades, gerou um forte clima de desconfiança sobre as intenções políticas de Dom Pedro I.

Tentando amenizar o forte movimento de oposição que crescia nos principais espaços do debate político, Dom Pedro I empreendeu uma excursão por várias províncias do país. Acompanhado de sua esposa, Amélia de Leuchtenberg, organizou uma pomposa comitiva que tinha como missão reverter o quadro de extrema oposição política dedicada ao governo imperial. O primeiro ponto de parada da comitiva foi realizado na cidade de Ouro Preto, na província de Minas Gerais.

Na época, os jornais levantavam suspeita do envolvimento do rei no assassinato do jornalista Líbero Badaró. Oposicionista de Dom Pedro I, Badaró escrevia artigos denunciando a imperícia e o descaso do governo imperial. A investigação sobre sua morte, pobremente averiguada, reforçava as suspeitas do interesse de Dom Pedro na morte do jornalista. Chegando a Minas, Dom Pedro e sua comitiva foram recebidos por um protesto velado, onde os cidadãos fechavam a porta de suas casas e cobriam as janelas com tecidos pretos.

O protesto em repúdio ao assassinato de Líbero Badaró motivou Dom Pedro I a retornar para a cidade do Rio de Janeiro. Os portugueses residentes na capital, em resposta, resolveram organizar uma grande festa de recepção para Dom Pedro. Na noite de 13 de março de 1831, brasileiros descontentes saíram às ruas bradando contra os portugueses e reverenciando a liberdade e a constituição brasileira. O repúdio acabou gerando um conflito a céu aberto entre portugueses e brasileiros.

Os mais diversos objetos eram lançados pelos grupos rivais. Por conta disso, o fatídico episódio acabou ganhando o nome de Noite das Garrafadas. Os conflitos se alongaram durante mais quatro dias, marcando com violência os últimos dias que antecediam a abdicação de Dom Pedro I.
Por Rainer Sousa
Mestre em História

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